Cálculos da vesícula biliar

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CÁLCULOS DA VESÍCULA BILIAR (COLECISTOLITÍASE)

A colecistolitíase é a presença de cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar. A vesícula biliar (VB) é uma estrutura saculiforme de aproximadamente 8,0 cm de extensão localizada abaixo do fígado que recebe a bile (produzida no fígado) e, após melhorar suas propriedades, a lança no duodeno para que ocorra a digestão da gordura dos alimentos.

Entendendo o sistema biliar

O sistema biliar é formado pela vesícula biliar e por um conjunto de canais dentro e fora do fígado. Esses canais transportam a bile produzida no fígado para a VB, e daí para o duodeno. O canal que leva a bile da VB para o duodeno é chamado de canal colédoco e representa a principal via biliar fora do fígado.

A formação dos cálculos decorre de alterações na composição da bile ocasionando a precipitação de elementos, como cristais de cálcio e colesterol, que leva à formação dos cálculos.

Quais são os riscos para o desenvolvimento de cálculos na VB?

Geralmente 20% dos adultos desenvolvem cálculos na VB. Existem alguns fatores de risco reconhecidos para o desenvolvimento dos cálculos: sexo feminino, idade, gestação, sedentarismo e obesidade. Outros cenários para o desenvolvimento de cálculos incluem pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (30% dos casos), pacientes transplantados, hemoglobinopatias, cirrose e outras alterações nutricionais como aquelas causadas pelo uso prolongado de nutrição parenteral (dieta administrada pela via endovenosa).

Quais são os sintomas e complicações decorrentes dos cálculos na VB?

O sintoma mais frequente é a cólica biliar (dor forte no andar superior do abdome, de início súbito, e que dura de 2 a 3 horas) normalmente desencadeada após refeições gordurosas. A complicação mais frequente é a colecistite aguda (inflamação da VB) que leva a um quadro de infecção intra-abdominal e requer cirurgia de urgência. Estima-se que 20% dos indivíduos que têm sintomas decorrentes dos cálculos da VB irão desenvolver colecistite aguda. O risco de colecistite aguda também é maior entre os pacientes sintomáticos e diabéticos, sendo este frequentemente um evento de maior gravidade nessa situação em particular. Outras complicações incluem a coledocolitíase (cálculo dentro do canal colédoco), colangite aguda (infecção dentro dos canais biliares) e a pancreatite aguda (inflamação do pâncreas) que pode ser muito grave em 15% das vezes.

Quais as indicações para a remoção da VB?

Aproximadamente 20% dos indivíduos com cálculos desenvolvem sintomas ou complicações e consequentemente têm indicação formal de remover a VB. Os outros 80% mantêm-se assintomáticos (sem sintomas) ao longo de suas vidas, e destes, aproximadamente 4% apresentam sintomas e complicações decorrentes da presença dos cálculos anualmente. À medida que os anos passam, o risco para o desenvolvimento de sintomas e complicações aumenta entre os indivíduos assintomáticos. Alguns estudos mostram que o risco para o desenvolvimento de sintomas em 5, 10 e 15 anos é de 10%, 15% e 18%, respectivamente.

Para os pacientes assintomáticos, a indicação de remoção da VB nem sempre é formal, mas pode ser considerada em algumas situações visto que os índices de complicação e mortalidade para a colecistectomia laparoscópica (cirurgia para a remoção da VB) são muito baixos. Para tanto, alguns critérios foram propostos no manejo dos indivíduos com cálculos assintomáticos. São eles: expectativa de vida superior a 20 anos; cálculo único maior que 2,0 cm; microcálculos (cálculos menores que 3 mm); cálculos radiopacos; pólipo na VB maior que 1,0 cm; VB calcificada (vesícula “em porcelana”); mulheres com menos de 60 anos; pacientes em regiões com alta prevalência de câncer na VB.

Como é o tratamento dos cálculos da VB?

O tratamento mais efetivo no manejo da VB com cálculos é o cirúrgico. A cirurgia é conhecida por colecistectomia laparoscópica. Trata-se de procedimento realizado sob anestesia geral e por via minimamente invasiva, onde quatro pequenos furos são feitos estrategicamente na parede abdominal (de diâmetros entre 0,5 e 1,0 cm), que possibilita a remoção completa da VB com seus cálculos. A alta hospitalar normalmente ocorre no dia seguinte ao da operação e o retorno do paciente às suas atividades é bastante rápido.

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